ATA DA SÉTIMA SESSÃO SOLENE
DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM
06-5-2003.
Aos seis dias do mês de maio
de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e vinte e seis
minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor José Manoel Baeta Tomás, nos
termos do Projeto de Lei do Legislativo n° 176/02 (Processo n° 2824/02), de
autoria do Vereador Reginaldo Pujol. Compuseram a MESA: o Vereador Elói
Guimarães, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, em exercício; a
Vereadora Margarete Moraes, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto
Alegre; o Senhor Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários
de Porto Alegre; o Senhor Antônio Longo, Presidente da Associação Gaúcha dos
Supermercados – AGAS; o Tenente Mohamed Abas, representante do 5º Distrito
Naval; os Senhores Alexandre Appel e Vicente Simões, respectivamente
Coordenador e Diretor do Programa Estadual de Defesa do Consumidor - PROCON -
RS; o Senhor Fernando Ernesto Correa, Vice-Presidente do Conselho de Administração
da Rede Brasil Sul de Comunicação - RBS; o Senhor José Manoel Baeta Tomás,
Homenageado; a Senhora Janeisa Baeta, esposa do Homenageado; o Vereador
Reginaldo Pujol, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente
convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional, registrou a
presença do Senhor José de Miranda, Presidente da Casa de Portugal e, após,
concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador
Reginaldo Pujol, em nome das Bancadas do PFL, PTB, PT, PMDB, PSDB, PSL e PL,
teceu considerações sobre a vida pessoal e profissional do Senhor José Manoel
Baeta Tomás, destacando a atuação de Sua Senhoria como Diretor-Presidente do
grupo empresarial Sonae e justificando as razões que levaram Sua Excelência a
propor a presente honraria ao Homenageado. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome da
Bancada do PDT, cumprimentou o Senhor José Manoel Baeta Tomás pelo recebimento
do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, afirmando a justeza da homenagem
hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre a Sua Senhoria e elogiando
o espírito empreendedor manifestado pelo Homenageado no desempenho de suas
atividades. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do jornalista
Ênio José Rockenbach, 2° Vice-Presidente da Associação Riograndense de Imprensa
– ARI – e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores
Vereadores. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PP, externou
sua alegria em participar da presente solenidade, destinada à entrega do Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor José Manoel Baeta Tomás,
salientando a contribuição prestada pelo Homenageado à sociedade
porto-alegrense, notadamente através da sua participação em ações de cunho
assistencial. Após, o Senhor Presidente convidou os Vereadores Margarete Moraes
e Reginaldo Pujol a procederem à entrega do Diploma e da Medalha alusivos ao
Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor José Manoel Baeta Tomás,
concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. A seguir,
o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do
Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos
e declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e trinta minutos, convidando
a todos para coquetel a ser oferecido no Espaço Cultural Teresa Franco e
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Elói Guimarães e
secretariados pelo Vereador Reginaldo Pujol, como Secretário “ad hoc”. Do que
eu, Reginaldo Pujol, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente
Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª
Secretária e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Estão abertos os trabalhos da presente
Sessão Solene, destinada a homenagear o Sr. José Manoel Baeta Tomás. Compõem a
Mesa a Ver.ª Margarete Moraes, que neste ato representa o Prefeito Municipal de
Porto Alegre, interino, Ver. João Antonio Dib; o Sr. Geraldo Stédile,
Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; o Ex.mo
Sr. José Manoel Baeta Tomás, nosso homenageado, a Sr.ª Janeisa Baeta, esposa do
homenageado; o Sr. Antônio Longo, Presidente da AGAS; o Tenente Mohamed Abas,
representante do 5.º Distrito Naval; o Sr. Alexandre Appel, Coordenador do
PROCON; o Sr. Vicente Simões, Diretor do PROCON; o Sr. Fernando Ernesto Correa,
Vice-Presidente do Conselho de Administração da RBS.
Estão
presentes os Vereadores Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, o Ver.
suplente Mário Paulo Göttert, o Ver. João Carlos Nedel.
Quero
saudar também todas as pessoas presentes, ligadas ao Grupo Sonae - diretores,
funcionários e funcionárias.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.
(Ouve-se
o Hino Nacional.)
Registramos,
também, a presença do Presidente da Casa de Portugal, Sr. José Carlos de
Miranda.
O
Ver. Reginaldo Pujol, proponente desta homenagem, está com a palavra. Falará
também pelas Bancadas do PTB, PFL, PT, PMDB, PSDB, PSL e PL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Há poucos momentos, antes da abertura dos trabalhos desta Sessão
Solene, nós tínhamos a oportunidade de receber, no Gabinete da Presidência, o
casal homenageado. Lá, o ilustre Presidente do nosso Conselho de Cidadãos
Honorários, Sr. Geraldo Stédile, didaticamente, explicava ao Cidadão Emérito de
Porto Alegre, Sr. Fernando Ernesto, a diferenciação entre estas duas honrarias:
a honraria concedida àqueles que não nasceram na “Capital dos Pampas” e que se
transformam em Cidadãos Honorários da Cidade, e àqueles que nasceram aqui em
Porto Alegre e que, por essa razão, quando homenageados, são distinguidos com o
Título de Cidadão Emérito, o que os coloca na mesma categoria e na mesma
condição. Essa distinção didática é bom que se faça na abertura dos trabalhos
porque esta Câmara de Vereadores, que representa a totalidade da sociedade
porto-alegrense, desde os mais poderosos da Cidade até os mais humildes, que é
um verdadeiro sodalício, em que todas as correntes têm assento, tem uma
característica muito especial: seguramente, em qualquer estatística que aqui se
faça, Ver. João Bosco, nós teremos muito mais pessoas que não nasceram em Porto
Alegre do que pessoas que nasceram. O nosso ilustre Presidente, Ver. Elói
Guimarães, descende de família de Santo Antônio da Patrulha; a ilustre
representante do Sr. Prefeito Municipal, nossa colega Ver.ª Margarete Moraes, é
da “Cidade-Saúde”, Iraí; o Ver. João Bosco, a quem eu me referi agora, vem da
“Rainha da Fronteira”, Bagé; com o nosso querido Ver. João Carlos Nedel ocorre
algo muito especial porque, conforme as circunstâncias, ele é de Cerro Largo,
ou também pode ser de São Luís, ou também pode ser de uma daquelas várias
cidades que foram geradas a partir de São Luís Gonzaga; se buscarmos o nosso
querido Ver. Ervino Besson, veremos que ele desce da serra do Rio Grande e aqui
vem lançar as suas raízes, formar a sua família e se constituir, um tempo
depois, em representante do povo nesta Casa. Resta, de todos os presentes, uma
única exceção, que é o nosso querido Ver. Isaac Ainhorn, nascido e criado no
Bom Fim, em Porto Alegre.
Oportuna
a distinção. Oportuna porque marca uma característica: esta “Porto Alegre dos
Casais” tem qualquer coisa de misteriosa, tem qualquer coisa de diferente,
porque as pessoas, quando vêm para cá, por ela se apaixonam. Não sei se isso
ocorreu há mais de dois séculos, quando da vinda dos açorianos, dos quarenta
casais que aqui lançaram as suas raízes e criaram o embrião da nossa Cidade.
Mas esse mistério, essa magia, pode, D. Janeisa, às vezes, ocorrer no Parcão,
onde o empresário que aqui aporta acaba percebendo que, das maravilhas desta
Cidade, uma que se destaca é a sua gente, o calor da sua gente. E aqui os
lusitanos que, ao longo da história, singraram “os mares, nunca dantes
navegados” para descobrir o novo continente, agora não mais nas caravelas, mas
pela TAP, ou pela VARIG, para aqui se deslocam e continuam se encantando com a
cidade de Porto Alegre.
Eu
dizia há poucos dias, em uma homenagem à comunidade luso-brasileira, que Porto
Alegre tem o condão de despertar nos lusitanos esse sentimento todo especial,
que é o sentimento de aculturação, pois que as pessoas para aqui vêm e nunca
mais dela se deslocam.
Eu
tive a felicidade, inspirado pelo meu querido amigo, meu conselheiro político,
Fernando Ernesto Corrêa, de descobrir uma figura nova dentro do contexto em que
estou a me colocar: eles começaram a me informar a respeito da figura do Baeta
Tomás, que é o nosso homenageado de hoje. Mais um lusitano que singrou os mares
e, no redescobrimento do Brasil, que toma força a partir de 1994, vem aqui,
representando um forte grupo empresarial, com raízes em Portugal, lança a sua
âncora, descobre amores, encanta-se pela Cidade e passa a nela se integrar e
com ela contribuir para que as coisas continuem e para que nós possamos ver a
nossa valorosa cidade de Porto Alegre cada vez mais porto e cada vez mais bela.
Porto, que recebe as pessoas, e bela, que encanta as pessoas.
Então,
tenho este privilégio de fazer com que alguém que nasceu em Coimbra, lá na
nossa pátria mãe, possa se transformar em Cidadão de Porto Alegre. E o destino
me foi tão favorável que, quando eu iniciei esta empreitada, eu estava
homenageando o Diretor-Presidente do Grupo Sonae, um Grupo que, desde a última
década do século que findou, vem plantando as suas raízes aqui no Brasil e que
hoje se orgulha de ser uma empresa brasileira, com expressão em vários
segmentos da economia nacional, sendo que aqui em Porto Alegre se identifica
muito mais na área de supermercados, na área do abastecimento do que em
qualquer outra área.
Pois
bem, quando eu cogitei desta homenagem, tocado pela influência das pessoas que
comigo dialogavam a esse respeito, e eu não posso, de maneira nenhuma, esquecer
do Rogério Souto, com quem eu tanto dialoguei, no final do ano passado, ao
preparar esta homenagem, quando tudo isso acontecia, quando o processo já
tramitava na Casa, quando ele já se encaminhava para votação, um fato veio
coroar as nossas circunstâncias, é que no momento em que a Câmara Municipal já
começava a reconhecer a importância do Baeta, nessa atuação positiva do Sonae
em várias atividades, não só no campo empresarial, como na filantropia, como no
apoio à cultura, no desenvolvimento de várias atividades aqui na Cidade, quando
isso acontecia, um fato absolutamente impensado faz com que o nosso homenageado
tenha de ter um uma opção. Ele podia hoje estar em outra atividade dentro do
Grupo, elevado para outras tantas funções. Mas optou por Porto Alegre. Quis
ficar aqui em Porto Alegre, porque o namoro, que havia surgido no Parcão, havia
prosperado, havia surgido uma família, havia as conseqüências, havia o Gustavo,
havia a Márcia, havia um afeto que formavam o conjunto atual e que fazia com
que o porto o tivesse recebido no momento adequado e o alegre, da bela Porto
Alegre, o tivesse envolvido de tal sorte que ele queria ser um porto-alegrense por
opção. Pois a Câmara Municipal de Porto Alegre, se houve bem, quando,
unanimemente, fez a sua vontade. Nós o estamos declarando Cidadão de Porto
Alegre. O pai do Gustavo, o pai da Márcia, não é só mais um cidadão português,
hoje ele é um cidadão porto-alegrense e assim o será compondo nesse Conselho,
nessa galeria imensa de grandes exemplos que nós temos aqui na cidade de Porto
Alegre e que, certamente, será engrandecido, meu caro Fernando Ernesto, com a
presença do teu recomendado.
Ora,
meus senhores, haverão de dizer: “mas o Ver. Reginaldo Pujol foi pinçar logo
nesse exemplo, há tantas pessoas que vieram para Porto Alegre e que poderiam
ser homenageadas da mesma forma”. E eu diria que é verdade essa afirmação; só
que eu acredito no Ortega y Gasset, que diz que o “homem é o ser e a sua
circunstância”. E como liberal assumido, eu gosto de apresentar como exemplo
para sociedade os homens empreendedores, os homens que arriscam, os homens que
vão longe para construir o futuro e que são capazes de, num gesto de coragem,
fundear âncora numa cidade distante, ali se integrar, formar família e
prosseguir em atividades produtivas, especialmente, impulsionando um grupo
econômico, que hoje é responsável, neste País, pelo emprego de vinte e duas mil
pessoas, e isso é um fato muito importante num País que se debela contra o
desemprego. Eu gosto de reconhecer o valor daqueles que pelo trabalho se
destacam, eu gosto de reconhecer as qualidades daqueles que acreditam no que
fazem, porque isso faz parte do meu modo de vida, do meu modo de ver as coisas
e do meu modo de reconhecer os valores. Por isso, meu caro homenageado, saiba
que mais do que as suas qualidades acadêmicas, mais do que as suas qualidades
de exemplar chefe de família, de grande empresário, eu pincei, no quadro que
seus amigos me apresentaram, esse valor, para mim, superior. Eu vi o homem do
desconsolo, o homem que não se consolou em ser um grande empresário na sua
terra natal, que veio longe para realizar os seus propósitos e para se
transformar no grande vulto que é, indiscutivelmente, na sociedade
porto-alegrense dos dias atuais. E, reconhecendo esse mérito, reconhecendo
essas qualidades, eu não tive dúvidas de subscrever o Projeto de Lei que foi
encaminhado à consideração dos meus pares. E, em algo que a mim não
surpreendeu, eu não encontrei, aqui nesta Casa, nenhuma resistência no
propósito. Ao contrário, somaram-se esforços, somaram-se solidariedade,
juntaram-se a mim o Ver. Ervino Besson, o Ver. Isaac Ainhorn, a Ver.ª Margarete
Morais, o Ver. João Bosco Vaz, o Ver. Mário Paulo, todos se juntaram. Ele,
Mário Paulo, especialmente, me substituindo várias vezes nesta Casa para levar
adiante esses projetos. Aliás, eu preciso fazer uma confissão: eu tinha um
acerto com o Mário Paulo. Este Projeto, eu ingressei aqui na Casa no ano
passado, e todo o Rio Grande do Sul sabe que eu tinha pretensão de estar hoje
na Assembléia Legislativa do Estado. Quando apresentei o Projeto, eu disse:
“Mário Paulo, tu vais ser o meu substituto. Mas assume comigo um compromisso:
este Projeto, eu não sei se terei condição de aprová-lo em tempo hábil. Tu
ficarás responsabilizado de assim fazê-lo.” Hoje ele está aqui junto conosco
para dizer que ele não pôde cumprir o que havia prometido para mim, porque os
caminhos dos desempenhos eleitorais fizeram com que eu ficasse nesta tribuna
que eu ocupo há muito tempo, o que faço com muito orgulho e que me deu grandes
satisfações, entre as quais, de poder, vez ou outra, enveredar por alguns
caminhos, onde, espero, estar fazendo, de um lado, justiça àqueles que merecem.
E, de outro, abrindo exemplos para a comunidade.
É
preciso que a Câmara de Porto Alegre não abra mão de proclamar, alto e bom tom
que esta Cidade é reconhecida aos que vieram dos mais diferentes pontos do
mundo para ajudar a construí-la. E que aqueles que nos ajudam a fazer Porto
Alegre alegre e feliz são por nós reconhecidos. E, nesse contexto, o senhor
está inserido. O senhor é um dos tantos a merecer essa honra, e, por isso,
unanimemente, a Câmara Municipal decidiu: o senhor é Cidadão de Porto Alegre.
Mais do que um lusitano, o senhor é um Cidadão da cidade de Porto Alegre, com
mérito. Diga à sua esposa e aos seus filhos que Porto Alegre, definitivamente,
o acolheu. O senhor não pertence mais a Portugal, o senhor, doravante, é de Porto
Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra e
falará em nome do PDT.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, tenha comigo a
generosidade com relação à cedência de tempo que teve com o Ver. Reginaldo
Pujol, é a primeira súplica que faço.
Sr.
Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Eu acredito que o Ver. Reginaldo
Pujol, de forma significativa, ao ser o autor desta iniciativa, acertou e bem
indicou-nos o caminho da sua escolha, atingindo a unanimidade desta Casa. Os
nossos vínculos com a terra lusitana, Sr. José Manoel Baeta Tomás, são muito
grandes. Nós somos uma conseqüência do processo. O senhor, que se graduou e
pós-graduou na área das finanças e na área da administração, sabe muito bem que
nós somos uma conseqüência – nós, a Pátria brasileira – do processo de expansão
do capitalismo mercantil nos séculos XV e XVI. E os seus patrícios, os nossos
patrícios, podemos dizer assim, tiveram papel decisivo nesse processo, porque,
às vezes, nós imaginamos que a terra lusitana, que Portugal só produz gênios
literários, como Fernão Lopez, Camões, Gil Vicente, Bocage, Alexandre
Herculano, Eça de Queirós, Fernando Pessoa. Não. Além da grande gama de
conhecimentos na área da ciência náutica, esse processo que se deu exatamente
em Portugal, na expansão do processo do capitalismo mercantil, reflete,
justamente, o gênio do português para os grandes empreendimentos. E nós, aqui
do Rio Grande e de Porto Alegre, somos conseqüência direta desse verdadeiro
cadinho de integração de raças e povos. E começou exatamente, com os índios,
que aqui já estavam, com os portugueses, com os negros, oriundos do processo de
escravização, e, hoje, eles têm um papel e uma integração total ao nosso País,
à sociedade brasileira, como uma das etnias fundamentais formadoras desse
processo, e, depois, com a vinda das etnias alemã, espanhola, judia e tantas
outras. Aliás, diga-se de passagem, os judeus que aqui aportaram foram os
primeiros, porque eram os “cristãos novos”, Fernando Ernesto, chegaram nas
primeiras caravelas aqui. Eram os “cristãos novos”, fruto do processo da
Inquisição na Península Ibérica. Felizmente o Papa já pediu os perdões e as desculpas
necessárias. Não é verdade, Stédile? Então
vejam a importância desse processo.
Agora
eu queria aqui invocar um grande cientista político, gaúcho - e eu estava
pensando, quando vinha para cá, no que eu iria dizer ao nosso mais novo Cidadão
Honorário de Porto Alegre, Baeta Tomás -, então eu lembrei, aqui - alguns
conhecem - a figura de Vianna Moog. Vianna
Moog foi o autor de um dos trabalhos mais interessantes sobre a formação da
sociedade brasileira e da sociedade rio-grandense, mas fazendo um paralelo com
o processo de colonização dos Estados Unidos. Ele aqui dizia, num primeiro
momento, que a diferença do processo de colonização dos Estados Unidos para a
do Brasil é que os que foram para os Estados Unidos foram para lá com o intuito
de lá permanecer, enquanto que os nossos patrícios do processo de colonização
brasileira, os portugueses, vieram para cá no processo de, depois de viver aqui
um tempo, retornar à pátria-mãe, Portugal. Hoje essas coisas mudaram de forma
significativa, e o nosso homenageado, Sr. Baeta Tomás, é a antítese desse
processo, dessa avaliação sociológica do nosso conterrâneo, cientista político
e escritor gaúcho Vianna Moog, porque ele veio para cá, para a terra gaúcha,
para Porto Alegre, e aqui sentou suas raízes. E, para nossa importância,
casou-se com uma gaúcha, seus filhos são gaúchos e, pelo visto, não pretende
daqui se afastar, pretende aqui sentar raízes. Evidentemente pode,
ocasionalmente, enfrentar novas tarefas e novas funções, mas aqui é o
enraizamento que ele criou. Esse é o enraizamento maior. E isso é muito
importante para nós. E, há pouco... Eu não vou fazer o contraponto com o Ver.
Reginaldo Pujol, mas vou fazer uma avaliação um pouco distinta, porque o Ver.
Pujol fez a afirmação de que - como liberal que é - ele admira muito os
espíritos empreendedores. Eu diria aqui, expressando o sentimento do meu
Partido, dos trabalhistas - e aqui há um companheiro meu, o Ver. Ervino Besson,
está aqui também o Ver. João Bosco Vaz, e por que não dizer também o Ver. Elói
Guimarães, que pertence a um Partido trabalhista também, uma meia dissidência
nossa, mas a História vai se encarregar de juntar tudo -: eu, como trabalhista,
Sr. Baeta Tomás, acredito nos espíritos empreendedores, eu acredito, sobretudo,
naquilo que são os ideólogos, os sustentadores do trabalhismo no Brasil
inspirados no trabalhismo inglês. O que afirma a concepção do trabalhismo? A
compatibilização da economia de mercado com justiça social. E foi em nome disso
que um trabalhista, em 1930, fez a célebre Revolução de 1930 no Brasil,
procurou sempre, na sua luta, instaurar um regime de justiça social. Tanto é
que foi o responsável, Ver. Reginaldo Pujol, um homem de ligações rurais,
estancieiro, pelo processo de industrialização e pelo pleno processo de
capitalismo dentro deste nosso País, na década de 30. Volta Redonda e tantos
outros empreendimentos foram frutos dessa visão empreendedora de Getúlio
Vargas, que é a figura mais importante, sem sombra de dúvida, do século XX.
Porque eu sempre digo: daqui a 200 anos, quando cá não estivermos mais, quando
pensarmos o século XVI, pensaremos que foi o século de Cabral; o século XVIII,
o século de Tiradentes; o século XIX, o século dos Pedros; e o século XX, o
século de Getúlio Vargas. Pois nós acreditamos em homens como o senhor, em
empreendimentos como o dos senhores, e a nós agrada muito o fato de o Grupo
Sonae, que hoje tem uma gama de representação, ter colocado a sua âncora em
grande número de cidades significativas aqui do Estado do Rio Grande do Sul,
acreditamos nesse Grupo que elegeu Porto Alegre como a sua sede. Isso é muito
importante. Só isso já seria motivo, sem sombra de dúvidas, para homenagearmos
o que o senhor representa, a sua figura, e lhe outorgarmos o Título de Cidadão
de Porto Alegre.
Mas
o seu engajamento foi maior. Hoje, participa... E não vou longe, Ver. Elói
Guimarães, vou encerrar rapidamente, porque V. Ex.ª já se inquieta com a minha
manifestação pelo longo tempo. Pedi justiça, supliquei por justiça, equilíbrio
e eqüidade...
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): E as teve.
O SR. ISAAC AINHORN: Como não, mas eu queria, apenas,
encerrando, dizer que o nosso homenageado recebe no dia de hoje, a partir desta
Sessão Solene - esta Casa aprovou o Título, o Sr. Prefeito Municipal, João
Verle, sancionou a Lei, foi publicada -, é hoje que esta Casa lhe outorga, de
forma solene, o Título de Cidadão de Porto Alegre. Os fatos aqui mencionados do
seu engajamento e da sua representação empresarial por si só já bastariam para
o reconhecimento e a outorga deste Título, mas sabemos, ainda, da participação
de V. S.ª na integração à cidade de Porto Alegre, participando de inúmeros
movimentos de natureza filantrópica e social. Há pouco, eu comentava com a
Ver.ª Margarete Moraes que o Grupo de V. S.ª é um dos apoiadores do “Porto
Alegre em Cena”, que tanta importância tem tido, do ponto de vista cultural, na
nossa Cidade, e nós, apenas com os recursos da municipalidade, não teríamos
condições de empreender isso, só com os recursos do Município. E contamos com o
apoio forte, representativo e significativo de V. S.ª e do seu empreendimento
no nosso Estado e no nosso País.
Não
vou falar nas outras participações, como, por exemplo, no Instituto Infantil na
luta contra o diabetes, na Liga Infantil de Combate ao Câncer e em tantos outros
empreendimentos, nos quais a sua instituição participa, se engaja e representa.
São fatos que nos orgulham, nos enchem de satisfação e, com absoluta
tranqüilidade, esta Casa votou e o Prefeito sancionou o Título que hoje lhe
outorga, solenemente, de Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Queremos, também, registrar a presença do
jornalista Ênio Rockenbach, Vice-Presidente da ARI que, durante alguns anos,
prestou relevantes serviços à Câmara Municipal de Porto Alegre.
O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra e falará em nome do PP.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras
e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A Bancada
do Partido Progressista, a qual tenho a honra de representar neste momento,
composta também pelos Vereadores João Antonio Dib, Pedro Américo Leal e Beto
Moesch, sente-se honrada em homenagear, nesta oportunidade, o Sr. José Manoel
Baeta Tomás.
Gostaria
também, especialmente, de cumprimentar o proponente desta homenagem, Ver.
Reginaldo da Luz Pujol e sua esposa, Maria Regina, pela feliz oportunidade
desta homenagem.
O
Título de Cidadão Honorário é concedido a pessoas que, de alguma, forma
contribuem fortemente para melhorar a sociedade. Este Título que hoje esta Casa
concede ao português José Manoel Baeta Tomás tem muitos efeitos importantes.
Primeiro: José Manoel agora é cidadão de Porto Alegre e, por conseqüência, é
gaúcho e, por decorrência, é brasileiro.
Veja,
José Manoel, os efeitos! Também é um cidadão gaúcho e um cidadão brasileiro.
Porto Alegre, José Manoel, tem muita honra em recebê-lo como seu Cidadão
Honorário, porque aqui o senhor constituiu família, essa família que é o seu
suporte e que também é uma célula mater da nossa sociedade; porque aqui o
senhor gerou empregos, renda e impostos. Sua empresa mantém vinte e dois mil
funcionários diretos no País. É uma forte contribuição ao desenvolvimento da
Nação brasileira. Aqui o senhor fez projetos sociais e comunitários,
colaborando fortemente com a Liga Feminina de Combate ao Câncer, com o
Instituto da Criança com Diabetes, com o Instituto do Câncer Infantil, com a
Federação das APAEs e com a Fundação Pão dos Pobres. Aqui, o senhor incentivou
a qualificação dos pequenos produtores hortifrutigranjeiros e apoiou produtos
caseiros, visando a aprimorar a sua qualidade, aumentando a sua aceitação pelo
mercado. Tudo isso visando a aumentar a renda desses produtores. Senhoras e
senhores, não há mérito maior do que aquele que mantém vinte e duas mil pessoas
diretamente, daquele que ajuda a impulsionar o desenvolvimento deste País,
contribuindo fortemente para a felicidade geral da Nação. Porto Alegre está de
parabéns pelo seu mais novo Cidadão Honorário.
Ao
porto-alegrense José Manoel, meus cumprimentos e peço que as bênçãos de Deus
sempre o acompanhe na sua missão de melhorar este mundo de Deus. Parabéns!
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convido o Ver. Reginaldo Pujol,
proponente desta homenagem, e a Ver.ª Margarete Moraes, representante do Sr.
Prefeito Municipal, para procederem à entrega do Título de Cidadão Honorário de
Porto Alegre e da Medalha.
(Procede-se
à entrega do Título e da Medalha.) (Palmas.)
Neste
momento, convidamos o nosso homenageado, Sr. José Manoel Baeta Tomás para fazer
uso da palavra.
O SR. JOSÉ MANOEL BAETA TOMÁS: Sr. Presidente, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Poder dirigir-me a V. Ex.as
desta tribuna constitui, para mim, hoje, uma rara honra e uma enorme
responsabilidade. Quando aqui cheguei, há quase oito anos, para iniciar esse
projeto ambicioso, não poderia imaginar que um dia eu poderia estar aqui. Esta
hora é, portanto, para mim, singular e, podem crer, carregada de um enorme
simbolismo.
Porto
Alegre é hoje a minha cidade por opção. Vim viver aqui por imperativos
profissionais. Hoje, aprendi a sentir-me em casa cada vez que aqui regresso.
Aqui encontrei e constituí a minha família; aqui construí novas amizades e
centros de interesses. Aqui tenho vivido, com singular intensidade, alguns dos
principais momentos da minha vida pessoal e profissional.
A
Sonae é um grupo português, de média dimensão, que ousou cruzar as fronteiras
do nosso pequeno País e procurar novos horizontes no desenvolvimento de
conhecimento. Numa pequena unidade industrial, no norte de Portugal, fomos
construindo, ao longo de mais de 20 anos, uma presença assinalável em mercados
tão diversos como a Europa, a América do Norte, África e América do Sul.
A
aventura da internacionalização começou aqui no Brasil, especificamente em
Porto Alegre. Não só razões de oportunidade e afinidade estiveram na raiz dessa
decisão. O Brasil era para nós, nesse momento, um destino natural e aliciante
para quem queria iniciar-se na expansão internacional.
Desde
então viemos ampliando a nossa aposta neste País de uma forma constante e
persistente, através de investimentos na economia real; ou seja, criando
raízes, criando riqueza. A partir do varejo, entramos em outros setores de
atividade, como os shopping centers e
indústria de derivados de madeira, além de outras atividades de menor projeção
e grande potencial que vão-se desenvolvendo neste País.
O
caminho trilhado nem sempre se apresentou fácil. Não tendo uma atitude de
especulação nos nossos investimentos, partilhamos das vicissitudes da evolução
da economia brasileira, que, nos últimos anos, vem construindo um caminho de
progresso e renovação sustentados, que nos parece promissor e absolutamente
necessário.
Ao
longo dos anos temos renovado a nossa aposta nessa economia, através de fluxos
permanentes e vultosos de investimentos, sem termos repatriado até a data
quaisquer capitais a qualquer título. Esta atitude demonstra a dimensão, o
sentido e a seriedade da aposta dos nossos acionistas no Brasil. Professamos
valores claros que norteiam a nossa atividade e que se baseiam numa cultura de
total transparência, honestidade em todos os sentidos, valorização da pessoa
humana e permanente desenvolvimento das competências inerentes ao progresso das
organizações nos competitivos e turbulentos dias em que hoje vivemos. A
inserção nas comunidades e a efetiva participação no seu cotidiano são ainda o
imperativo da nossa forma de estar na sociedade.
Na
medida do possível, temos multiplicado ligações a instituições de diversas
naturezas, que privilegiam a promoção e a dignificação da pessoa humana e a
evolução do conhecimento.
O
Rio Grande do Sul e Porto Alegre em particular reúnem condições únicas para o
estabelecimento de novos empreendimentos. Além da dimensão do seu mercado e
localização privilegiada no Mercosul, dispõe de infra-estruturas, qualidade de
vida reconhecida e mão-de-obra de qualidade, características ímpares no Brasil.
Este
Título que, com muita honra hoje recebo, é, antes de mais nada, um
reconhecimento pelo trabalho sério e persistente de uma enorme equipe que, ao
longo dos últimos anos, tem vindo a firmar o nome da Sonae no Brasil. Antes de
mais nada, o meu enorme e eterno agradecimento à equipe da Sonae Distribuição
Brasil na construção e consolidação desse projeto.
Não
quero terminar sem agradecer à minha família, em especial à minha mulher
Janeisa, porto-alegrense desde o berço, que em todo esse período tem sabido
apoiar-me nos momentos difíceis, sobretudo naqueles em que as dificuldades
parecem querer suplantar a esperança. Com ela aprendi a conhecer e apreciar
esta Cidade, o seu pulsar e a sua forma de vida.
Por
fim, quero, humildemente, agradecer à Câmara Municipal de Porto Alegre, na
pessoa de seu Presidente em exercício, Dr. Elói Guimarães, e do Ver. Reginaldo
Pujol que achou por bem fazer a proposição do meu nome para esta honra. Esta
nomeação vem, sem dúvida, solidificar definitivamente os nossos laços a esta
Cidade e a este Estado.
Ao
ser tão solenemente adotado como cidadão de Porto Alegre, tornar-me-ei,
certamente, um incondicional defensor e promotor do seu progresso, onde quer
que o destino me leve. Obrigado a todos. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Neste momento, convidamos todos os
presentes a ouvirmos o Hino Rio-Grandense.
(Ouve-se
o Hino Rio-Grandense.)
Ao
encerrarmos a presente solenidade, queremos reiterar o agradecimento ao Ver.
Reginaldo Pujol, autor do presente Título, que criou as condições e a
oportunidade para que a Casa destacasse uma figura notável da nossa Cidade, que
é o homenageado, que vem para o nosso País trazendo investimentos e, aqui, casa
com uma porto-alegrense, constitui família e enraíza-se, integra-se, definitivamente,
em nossa Cidade, em nosso Estado. Isso é exatamente o conceito de cidadania.
Agradecendo
a todos os presentes, senhores e senhoras, nós damos por encerrada a presente
Sessão Solene e, mais uma vez, cumprimentamos o Sr. José Manoel Baeta Tomás
pela concessão da presente honraria. Tenho dito que é um dos maiores Títulos
que uma pessoa pode receber, porque a Casa, a Câmara Municipal de Porto Alegre
é a síntese da vontade da Cidade, e esse Título, José Manoel Baeta Tomás, é
extremamente representativo, porque não é só o reconhecimento da Cidade, como,
também, é o agradecimento dela por muito que tu tens feito através dos teus
empreendimentos na geração de empregos - vinte mil empregos em nosso País - e
pela arrecadação de impostos. É disso que nós precisamos: emprego, economia,
sem o que nós não temos o que distribuir.
Encerramos
a presente Sessão Solene e fazemos um convite a todos, em nome do novo cidadão
José Manoel Baeta Tomás, para que passemos para um coquetel, onde,
evidentemente, não faltarão os produtos do Grupo Sonae e do Big. Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene. Muito obrigado. (Palmas.)
(Encerra-se
a Sessão às 20h30min.)
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